terça-feira, 30 de junho de 2015

Carla Gomes - O Tempo Sou Eu (2015)

Carla Gomes estreou no mercado fonográfico provando que, definitivamente, o Brasil é o país das cantoras. Mal lançou seu primeiro álbum, O Tempo Sou Eu, a cantora mineira já recebeu uma indicação ao Prêmio da Música Brasileira, que em sua 26ª edição homenageou Maria Bethânia.

Carla concorreu com Fernanda Takai e Roberta Miranda ao título de Melhor Cantora na categoria Canção Popular. A indicação vem poucos meses após a chegada de seu primeiro trabalho e no mesmo momento em que Carla Gomes tem músicas executadas em várias rádios do país, inclusive em emissoras de Belo Horizonte, onde mora e onde, entre uma apresentação e outra de seu show, ela atua em musicais, peças e curtas-metragens e executa trilhas sonoras.

Nascida em Belo Horizonte e formada nos bares e casas de shows da capital de Minas Gerais, essa moça de voz que conquista tem a ginga e o suingue no sangue, o samba e o pop no pé e, na cabeça, a tranquilidade de quem sabe o que faz, aquela que o verdadeiro filho da pátria amada deve ter. Compositora de belas canções, intérprete com personalidade de músicas que não foram hits (mas agora prometem ser) e violonista (autodidata) de mão cheia, a artista mineira está trabalhando na divulgação de seu primeiro álbum, O Tempo Sou Eu, cuja produção leva a assinatura de Liminha, um dos responsáveis pelo sucesso de muitas feras do nosso país.

"Conheci o músico Liminha pelo trabalho dele com Os Mutantes. Já o Liminha produtor, descobri ainda muito nova, desde que passei a escutar Marina Lima, Fernanda Abreu, Gilberto Gil e Titãs. Sempre o admirei e curti os trabalhos feitos por ele. Eu sempre dizia: 'Ainda vou ter um cd produzido por esse cara!' Quando combinamos que eu ia gravar no estúdio dele, o Nas Nuvens, o coração veio na mão. Pra mim, tem sido a maior satisfação trabalhar pela primeira vez com um produtor que é um dos mais reconhecidos do país", conta Carla.

A paixão pela música brasileira despertou na época em que Carla Gomes começou a cantar e a tocar violão, aos 12 anos. Primeiro, na Capela de São Pedro, na comunidade da Vila Ventosa, onde morava. Depois, com a ajuda das revistas de cifras, aprendeu seus primeiros acordes de Legião Urbana. Em 1997, conheceu aquele que seria seu primeiro parceiro: Bercy. Com ele, vieram as primeiras experiências tocando na noite. Clube da Esquina, Pato Fu, Marisa Monte, Chico Buarque, João Bosco, Tom Jobim e João Gilberto permearam o repertório da artista, que, depois, conseguiu espaço em projetos culturais e teatros para mostrar seu talento, inclusive no samba.

“O samba é uma constância no meu dia a dia, sempre presente na minha vida pessoal, mas não era o foco do meu trabalho. Em 2011, dei uma atenção especial a esse estilo, que é pra mim muito querido. Eu sempre gostei da diversidade da música brasileira. Naquele ano, no Rio de Janeiro, ganhei o prêmio no Festival Carioca da Gema voltado para novos talentos do samba e, junto, vieram outros trabalhos, entre eles a minha primeira atuação no musical Zumbi, de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, dirigido por João das Neves. Quando fomos ao Rio para a temporada da peça na cidade, em 2012, eu e Liminha mergulhamos nas gravações", lembra Carla.
*por Christina Fuscaldo

Preço – R$30,00

Faixas:
01 – Baixada News – Samuel Rosa e Chico Amaral
02 – Sem Cais – Pedro Sá e Caetano Veloso
03 – Se Você – Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra
04 – O Tempo Sou Eu – Carla Gomes
05 – Só Eu e Mais Ninguém – Vinicius Cantuária
06 – Com Calma – Carla Gomes
07 – Saber Melhor quem é Você – Carla Gomes e Liminha
08 – Tenho Você - Carla Gomes e Liminha
09 – Denfo, Cafuné e Chamego – Pretinho da Serrinha, Rogê e Gabriel Moura
10 – Acredite – Carla Gomes
11 – 4 Horizontes – Pedro Luis e Lenine

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Thiago Delegado – Viamundo (2015)

Acompanhado por André Limão Queiroz (bateria), Aloízio Horta (baixo), Sérgio Danilo (flauta) e Christiano Caldas (teclado) – que são a base do disco de estúdio, Thiago (violão 7 cordas) celebra a produção e diversidade de ambientes pelos quais transita. Ele assina todas as faixas e deixa espaço para as parcerias que incluem letristas.

O diálogo entre a canção e o instrumental é representado em quatro faixas. "Malandrote", parceria com o carioca Edu Krieger e Aloízio Horta, traz, nos vocais, Aline Calixto, cantora que ele acompanha e dirige há cinco anos. Também da escola do samba, a paulistana Fabiana Cozza dá voz à "Quantos mais".

Companheiro por anos no projeto Samba da Madrugada, Fernando Bento canta em “Terreiro do Brasil”. A romântica "Se acontecer" repete a dobradinha com Krieger e apresenta dupla de peso: Leila Pinheiro e Roberto Menescal. Incluir dois ídolos de adolescência de Thiago num trabalho que celebra encontros pareceu natural. Com Leila, fez turnê voz e violão em 2014, e com Menescal já dividiu o palco em 2013. Quem dá nome ao disco é a segunda faixa. Ela nasceu de uma encomenda recebida: a vinheta de abertura de um programa de rádio.

A música desde então faz parte do repertório do violonista, mas recebe gravação pela primeira vez. “Viamundo representa a vontade de ganhar o mundo com meu trabalho e também às influências de toda parte que recebo", afirma Thiago. Ao todo, são 12 temas, entre canções e instrumentais. O artista não se prendeu a rótulos e assim demonstra em Viamundo todas as facetas de sua trajetória: a de músico acompanhante, compositor, arranjador e solista.Delegado está bem acompanhado neste trabalho, considerado por ele um CD bem acabado, já que foi experimentado antes de ser gravado.
Exemplo disso é a composição premiada pelo Prêmio BDMG Instrumental em 2011, “Caricas Total”, que só agora ganha registro. Thiago fez questão de incluir os instrumentistas Frederico Heliodoro, Pedro Trigo e Rafael Martini no disco. “São músicos que estão entre os mais criativos e produtivos da cena contemporânea de Minas”, ressalta.

Martini assina o arranjo da única regravação, “Saudades do Joninhas", que está presente no segundo álbum do violonista e volta agora numa gravação que conta com a banda base do saudoso Mestre Jonas (músico falecido precocemente em 2011).O choro também faz parte da trajetória do artista e é contemplado na homenagem ao violonista de 92 anos, Mozart Secundino. No tema em que homenageia o chorão mais tradicional da cidade em atividade, Delegado reuniu Marcos Frederico (bandolim), Warley Henrique (cavaquinho) e Ricardo Acácio (pandeiro), ou seja, a turma referência do gênero na cidade."Clube do Pagode da Esquina nº1" é uma referência clara a um dos movimentos musicais mais importantes do país.

O título meio irreverente brinca com a ideia de novos diálogos que estão surgindo pelas esquinas da cidade e revigorando a produção local, a qual Thiago Delegado está totalmente inserido, mas, com os olhos para o mundo.

Preço – R$25,00

Faixas:
01 – Cansei de ser Enganado – Thiago Delegado
02 – Viamundo - Thiago Delegado
03 – Sarau pro Sr. Mozart - Thiago Delegado
04 – Malandrote - Thiago Delegado e Edu Krieger
05 – Se Acontecer - Thiago Delegado, Aloízio Horta e Edu Krieger
06 – A Camisa do Donato - Thiago Delegado
07 – Clube do Pagode da Esquina n 1 - Thiago Delegado e Aloízio Horta
08 – Deleodoro - Thiago Delegado e Frederico Heliodoro
09 – Caricas Total - Thiago Delegado
10 – Quanto Mais - Thiago Delegado e Ricardo Nazar
11 – Terreiro do Brasil - Thiago Delegado e Murilo Antunes
12 – Saudades do Joninhas - Thiago Delegado

terça-feira, 23 de junho de 2015

Falcatrua - Pequenas Porções de Espaço (2015)

O fliperama do novo milênio do FALCATRUA está revisto e ampliado para fazer divertir e pensar o novo velho Brasil. “Pequenas Porções de Espaço”, quinto disco da banda mineira que melhor sabe arquitetar a convivência de muitas artes em favor da diversão e da poesia, soa como uma série de flashes precisos disparados em direções e destinos variados.

“O "conceito" artístico do disco é baseado no universo lúdico dos parques de diversões”, esclarece o baixista e tecladista Danilo Guimarães, que criou a expressão depois de um sonho. “Um lugar comum, onde é possível desfrutar de diversas sensações no mesmo ambiente: PEQUENAS PORÇÕES DE ESPAÇO.”

Com dez faixas e produção do bamba Chico Neves, também responsável por alguns teclados, o disco conta com preciosas ajudas dos amigos Tom Zé, Pedro Morais, Érika Machado, Marina Machado e Júlia Branco e funciona como um game em que cada etapa conduz o ouvinte a um tema diferente.

Único autor presente em todas as músicas, o vocalista e performer André Miglio crava com precisão as intenções: “O disco promove o encontro das diferentes facetas da banda incluindo humor, rock, gentileza, balada, realidade e amor com a clara intenção de provocar a saída da inércia mental, corporal e emocional”.

A banda, que admite estar com a formação que tem melhor desempenho no palco, se completa com o guitarrista Fracesco Napoli e o baterista Fred Corrêa. E não escapa da proposta original, de ultrapassar  limites que separam a música da dança, do circo, da performance, do teatro, do vídeo e da poesia. Artes plenamente integradas a partir de uma base rock´n´roll que inclui  MPB,folk, influências do soul de Tim Maia (que recriaram com felicidade no terceiro disco, “Vou Com Gás”),psicodelias musicais e marchinhas de carnaval.

Com temas sintonizados com seu tempo, com brechas e espaços para improvisos, as dez faixas de “Pequenas Porções de Espaço” garante diversão sem abrir mão de rigor formal e a atitude de vigilância e irreverência que permitem incluir o FALCATRUA na lista dos grupos mais originais da atual música brasileira.

Preço – R$20,00

Faixas:
01 – Consciência – André Miglio e Adriano Miglio Porto
02 – Maravilha - André Miglio
03 - Pequenas Porções de Espaço - André Miglio, Danilo Guimarães e Francesco Napoli
04 – Pinóquio - André Miglio e Danilo Guimarães
05 – Olho no Olho - André Miglio, Danilo Guimarães, Francesco Napoli e Frederico Correia
06 – Brasil - André Miglio e Danilo Guimarães
07 – Realidade - André Miglio
08 – Etérea - André Miglio
09 – Bussunda - André Miglio
10 – Namorá Casá - André Miglio

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Affonsinho – Lá de um Lugar (2015)

Já virou hábito: todo final de ano, Affonsinho se recolhe junto a seu violão e ao “gravadorzinho cassete” (“aquele que nem existe mais”). É hora de deixar a inspiração dar o norte. Melodias registradas, ele deixa o resultado no estaleiro por três, quatro dias. Quando retorna a ele, aí sim, seleciona o que de fato vale a pena dar sequência. É quando vem a fase que chama de “transpiração” da canção.

Detalhe: não se trata de apenas mais um disco na carreira profícua do mineiro, e sim do seu décimo trabalho autoral. Não bastasse, Affonsinho festeja o fato de, por não ter que ceder a pressões do mercado, poder transitar por todas as searas musicais que o atraem. Em “Lá de Um Lugar”, a pegada folk dá a liga, mas convive harmoniosamente com outros estilos.

“Queria trabalhar mais a guitarra do blues e o folk abre essa porta, o Eric Clapton já fazia isso com ‘Wonderful Tonight’, por exemplo. Mas gosto mesmo é de misturar minhas influências: bossa nova, Caetano, Gil, BB King, Beatles, folk, blues...”. A faixa “Est Pour Te Dire”, por exemplo, ecoa Henri Salvador, cujas músicas têm sido recorrentes em seu CD player. “Ele é genial”, decreta.
por Patrícia Cassese - Hoje em Dia

Preço – R$28,00

Faixas:
01 – No Carinho
02 – Um Novo Tom
03 – Lá de um Lugar
04 – O Amor me Perguntou
05 – Est Pour te Dire
06 – Que Diferença Faz?
07 – Todo Mundo Quer
08 – Música e Letra
09 – Dicionários
10 – Love You, Blues

Todas as canções são de Affonsinho, exceto Um Novo Tom, com parceria de Paulinho Pedra Azul

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Marcos Braccini – WIARA (2015)

O álbum Wiara representa um bem sucedido experimento de usar a canção e o canto como fios condutores de um trabalho de musica de câmara contemporânea.  E o resultado é instigante, uma ponte entre dois mundos que deveriam interagir com mais assiduidade.

Marcos Braccini pode fazer essa incursão na composição instrumental, promovendo a ligação com o universo popular, tendo por base sua própria história e vivências de compositor, arranjador e produtor musical. Graduado em Composição pela Escola de Música da UFMG, também estudou na Fundação de Educação Artística, em Belo Horizonte. Produziu discos e participou de diferentes projetos dedicados à música contemporânea de concerto, à música popular brasileira e ao rock 'n' roll, além de compor trilhas para a televisão e rádio. Também tem trabalhos de literatura e poesia.

Essa multiplicidade está presente no álbum Wiara e dá unidade aos experimentos diversos, especialmente à pesquisa para escrita de cordas. São propostas que representam desafios e novas sensações para quem quiser penetrar no denso universo de sons, harmonias e dissonâncias, versos e arranjos, melodias e lamentos.

Este trabalho é ao mesmo tempo origem e, agora, complemento do caminho percorrido por Marcos Braccini em dez anos de estudos e pesquisas, cujos resultados já apareceram em seu álbum de música brasileira Noturno. Wiara representa a semente dessa trajetória, as primeiras experiências que levaram à síntese dos dois álbuns, diversos na aparência, mas unidos em sua essência e significado.

Do assovio ao canto, do solo ao sexteto de cordas, Wiara descortina possibilidades e apresenta a evolução do artista que se posiciona sem preconceitos e sem limitação em sua arte e em seus horizontes.
Gravado ao vivo, em sua maior parte, Wiara é um convite à ousadia e ao mesmo tempo um tributo à música, que não pode ser contida em definições, limites ou preconceitos, mas que representa o prazer de se abrir às sensações e á magia dos sons.

Com Wiara, tal como já fez com Noturno, Marcos Braccini afirma seu universo sonoro amplo e múltiplo, construído com o afinco de um artesão e a sensibilidade de um artista consciente de seu ofício.

Preço – R$25,00

Faixas:
01 - Quase Haikais
a) 2 Versos para Violino e Violoncelo
02 - Quase Haikais
b) Movimento para Quarteto
03 - Solilóquio para Quarteto de Cordas
04 - Arranjo para Assobio
05 - Quase Haikais
c) Canção Ingênua
06 - Norturno
07 - Mãos Vazias
08 - A Sós
09 - Wiara
10 - A Sós (versão Violoncelo)

Todas as composições de Marcos Braccini exceto Noturno e Mãos Vazias