segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Tavinho Moura – Beira da Linha (2015)

“Sócio” do Clube da Esquina, o cantor e compositor mineiro Tavinho Moura tem parte de sua discografia dedicada à viola caipira. O interesse foi despertado por um dos grandes nomes do instrumento, Renato Andrade. Tavinho aprendeu com mestres do Norte de Minas Gerais, como seu Manoel por Fora e seu Vicente, e também tirou proveito da convivência com Almir Sater. Em Beira da linha, seu recém-lançado terceiro disco baseado nas 10 cordas, ele mostra que sua busca por uma linguagem própria não cessou.

Nas 13 faixas do trabalho que sucede a Caboclo d’água (1992) e Diadorado (1995), Moura demonstra afinidade com os toques tradicionais ao mesmo tempo em que trilha caminhos harmônicos e melódicos fora do esperado para um disco de viola caipira “de raiz”. O álbum traz apenas três faixas com letra – ele toca sozinho em 11 delas. Tavinho escreveu todas as peças, dividindo a autoria de Pegada da onça com Eid Ribeiro e musicando Nigue ninhas, texto de Mário de Andrade.

“Nunca tive muito tempo de estudar. Fui escutando e aprendendo sozinho. Quando seu Manoel me ensinou e me ouviu, disse que estava tocando até mais difícil do que ele, pois meu toque estava sincopado. Prestei atenção, ouvi de novo o que estava fazendo e fui consertando meu toque para ficar igual ao dele”, conta. Dono de três violas, usou a que o luthier Vergílio Lima, de Sabará, construiu, caracterizada pela cintura fina e nitidez sonora.

Do disco Caboclo d’água, regravou a faixa-título, Coração disparado, e Dança maneiro pau; de Diadorado, veio a peça homônima. “Adoro essas músicas e estou me sentindo muito mais à vontade para tocá-las de novo. Não há emendas, não há artifícios. Todas têm um toque de viola que exige muito. O instrumento possibilita muito virtuosismo, mas quem aposta nisso se afasta da música. Esse é um disco de viola mineira, um trabalho popular. Gosto é das festas de viola”, resume.

Por falar em festa, foi numa delas, em Barra do Guaicuí, no Norte do estado, que ele tirou inspiração para a faixa de abertura, Agosto. Moura tem casa lá e conseguiu que moradoras lhe mostrassem os passos do carneiro (dança típica, só de mulheres). “Elas dão umbigada umas nas outras e batem os ombros de lado. É algo bem plástico, bem interessante. Já tinha a música pronta e criei versos como referência ao que as ouvir contando sobre a música”, observa.
*por Eduardo Tristão Girão - EM Cultura

Preço – R$25,00

Faixas:
01 – Agosto – Tavinho Moura
02 – Beatriz – Tavinho Moura
03 – Beira da Linha – Tavinho Moura
04 – Isabel – Tavinho Moura
05 – Dança Maneiro Pau – Tavinho Moura
06 – Espanta Coió – Tavinho Moura
07 – Diadorado – Tavinho Moura
08 – Pegada da Onça – Tavinho Moura e Eid Ribeiro
09 – Caboclo D’Água – Tavinho Moura
10 – Coração Disparado – Tavinho Moura
11 – Rola Moça – Tavinho Moura
12 – Manoelzinho da Croa – Tavinho Moura
13 – Brincar de Roda/Nigue Ninhas – Tavinho Moura/Folclore recolhido por Mário de Andrade
14 – Flor da Madrugada – Tavinho Moura

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