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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Luiza Brina - Tenho Saudades Mas Já Passou (2019)



Existe uma leveza rara no som produzido por Luiza Brina. Coisa que só artista mineiro sabe como fazer. Melodias que parecem dançar pelo tempo, flutuando em meio a diferentes fases da nossa música, como um permanente resgate de sensações, vivências e memórias empoeiradas. Um misto de nostalgia e evidente desejo de transformação, estrutura que orienta de forma simples cada fragmento de voz, nota ou minucioso entalhe criativo que embala o terceiro e mais recente álbum de estúdio da cantora e compositora belo-horizontina, Tenho Saudade Mas Já Passou (2019, Matraca / YB).

Sequência ao também delicado Tão Tá (2017), obra que contou com produção de Chico Neves (Los Hermanos, Skank) e a interferência de um time seleto de instrumentistas mineiros, o novo álbum segue uma medida própria de tempo, sem pressa, envolvendo o ouvinte aos poucos. “Como será que a música começa?“, questiona logo nos primeiros minutos do trabalho, como se apontasse a direção curiosa que orienta a experiência do público até o último instante do álbum. São vozes cristalinas que se espalham em meio a melodias de pianos, como um permanente exercício de saudação e acolhimento sensorial.

Síntese desse profundo refinamento melódico e sentimental ecoa com naturalidade no encontro com Fernanda Takai, em Acorda Para Ver o Sol. “Eu te ver passar e você parar / Enfim / A mais linda flor estendeu a mão / Pra mim / Eu gostei do amor me encantou o amor / Assim / A manhã de sol quis morar no meu / Jardim“, segue a letra da canção enquanto vozes complementares, metais e fragmentos acústicos se revelam ao fundo da canção, reforçando a atmosfera acolhedora que segue até a derradeira Oração 11. Um lento desvendar de ideias e experiências, como um salto em relação ao último trabalho da cantora.

O mesmo comprometimento acaba se refletindo em De Cara, encontro entre Brina e o diretor artístico do disco, o também mineiro César Lacerda. São pianos atmosféricos e arranjos de corda que se espalham de forma detalhista, ocupando todas as brechas deixadas pela letra da canção. “Me odeio neste exato instante / Em que sou pêga te amando / E tento esconder minhas mãos mas já é tarde demais / Nem sei se sou tão capaz“, confessa em um evidente exercício de confissão romântica, delicadeza que vem sendo aprimorada pela artista desde os trabalhos como integrante do Graveola e o Lixo Polifônico.

Surgem ainda preciosidades como a acústica Queremos Saber, música originalmente lançada por Gilberto Gil em 1976, mas que lembra Caetano Veloso em Muito (Dentro da Estrela Azulada) (1978), obra que ecoa durante toda a execução do trabalho. Em Quero Cantar, colaboração com as irmãs Lay e Lio Soares, da Tuyo, um colorido jogo de vozes e versos que reflete a capacidade da cantora mineira em dialogar com a música pop. Nada que se compare ao regionalismo de Esmeralda, canção de essência ensolarada que naturalmente convida o ouvinte a dançar.

Marcado pelo encontro com nomes como Marcelo Jeneci, Ronaldo Bastos, Felipe Pacheco (Baleia) e Julia Branco, essa última, parceria da cantora desde a produção do também delicado Soltar os Cavalos (2018), Tenho Saudade Mas Já Passou mostra o profundo comprometimento estético e entrega de Luiza Brina, presente em cada fragmento da obra. São décadas de referências, ritmos e fórmulas instrumentais que se completam pela poesia sensível da artista mineira, como uma extensão natural de tudo aquilo que a multi-instrumentista vem produzindo desde o primeiro trabalho em carreira solo, A Toada Vem É Pelo Vento (2012).
Por Cleber Facchi

Preço – R$35,00

Faixas:
01 - Como Será Que A Música Começa - Luiza  Brina e Ceumar
02 - Quero Cantar - Luiza Brina e Julia Branco
03 - Queremos Saber - Gilberto Gil
04 - Acorda Para Ver O Sol - Luiza Brina e Ronaldo Bastos
05 - Esmeralda - Luiza Brina e Gustavito Amaral
06 - De Cara - Luiza Brina e César Lacerda
07 - Seu Dom - Luiza Brina
08 - Estrela Cega  da Turquia - Luiza Brina e Thiago Amud
09 - Oração 11 - Luiza Brina e Brisa Marques 

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Luiza Brina e O Liquidificador – A Toada Vem é Pelo Vento (2012)

Após realizar pela Europa uma turnê de lançamento do álbum \" A toada vem é pelo vento\" , a cantautora Luiza Brina lança seu primeiro disco ao lado do grupo O Liquidificador.

Com produção musical de Luiz Gabriel Lopes - graveola e o lixo polifônico, o álbum foi gravado durante uma semana de setembro de 2011 em Belo Horizonte, ao lado da banda O Liquidificador - que vem acompanhando a compositora há um ano.

Luiza Brina tem verdadeiro amor pelos gestos e culturas populares tão próprios do Brasil. Não obstante, tem apreço e interesse profundos pela música cubana. Assim, de um amontoado de cruzamentos de influências e culturas nascem as canções da mineira que há dois anos mora no Rio de Janeiro.

O grupo O Liquidificador conta a violoncelista Larissa Mattos, os percussionistas: Analu, Christiano de Souza e Flora Lopes, e o quarteto de sopros: Ana Estrela - sax tenor, Maria Raquel Dias - clarineta, Joao Paulo Prazeres - sax soprano e flauta) e Thais Montanari - flauta.

Os musicos conjugam suas diversas bagagens musicais, onde o público é cúmplice de suas trocas e pode conferir a diversidade de influências e gêneros em que se aventuram as canções e seus arranjos: o xote, a ciranda, a salsa, o pop, o samba, o guaguanco, o boi, dentre outros.

Preço – R$15,00

Faixas:
01 – Praça do Meio Mundo – Luiz Gabriel Lopes e Luiza Brina
02 – Somos Só – Luiza Brina
03 – Catamarã – Augusto Barros, Laura Lopes e Luiza Brina
04 – A Menina Que Flutua Dentro D’Água – Luiza Brina
05 – Aurora – Luiza Brina e Maria Raquel Dias
06 – Back In Bahia – Gabriel da Luz e Luiza Brina
07 – Ocaso – Luiza Brina e Nina Aragon
08 – A Toada Vem é Pelo Vento – César Lacerda e Luiza Brina