Nath Rodrigues ainda está na fase em que as palavras escapam quando fala sobre Fractal. Natural. Esse que é o primeiro disco da carreira acabou de sair. Chegou às plataformas de streaming no dia 9 de julho e, assim, ela que canta desde criança, experimenta aos 28 anos algo novo. Falar sobre o próprio disco é algo bem diferente de criar.
“O disco sintetiza o caminho todo. Ele vem sendo construído mesmo antes de eu me assumir como cantora e compositora”, conta. Já faz tempo que Nath navega pelas ondas da arte. Por isso ela usa o verbo “assumir” para falar de sua vertente cantora. E que cantora, viu!!! Explore o disco e rapidamente vai ser dar conta da potência dela. Uma voz límpida, afinada, que harmoniza perfeitamente com um repertório que associa ancestralidade com contemporaneidade, em letras e arranjos.
A música foi a expressão que sempre fez parte do núcleo familiar mais próximo de Nath. Mas foi a tia Alcione Ferreira quem fez o primeiro convite para que participasse do coral infantil em Sabará, onde vivem os pais. Aí nunca mais parou.
“A primeira coisa que fiz na vida foi cantar e não tocar um instrumento”, diz em um tom surpreso. Isso porque Nath Rodrigues a ainda não havia parado para pensar nas fronteiras das linguagens artísticas na vida dela. Bem, se é que essas fronteiras existem.
Para a mídia, o nome dela começou a aparecer como instrumentista. Um detalhe curioso: no teatro. Nath Rodrigues começou a carreira trabalhando com grandes nomes da arte negra com atuação em Minas Gerais, como João das Neves (1935-2018) e Maurício Tizumba, por exemplo. Fez parte do elenco de peças como Clara Negra, Zumbi, Dom Quixote e Madame Satã, essa dirigida por João com o Grupo dos Dez.
Sendo assim, o teatro acabou por proporcionar à Nath uma vivência mais ampla dos processos criativos. “Na prática isso foi abrindo meu pensamento para a música”, conta. Inicialmente canções que nasciam mais conectadas com a cena. “O teatro mudou a minha forma de escrever”.
A escolha de Fractal para dar nome ao primeiro disco tem a ver com o que a palavra significa. “São os vários pedacinhos que tem semelhança com uma matriz principal”, explica. Sendo assim, a Nath Rodrigues que hoje aparece no disco, vem do teatro, da militância cultural, da arte educação.
A carreira nos palcos já mantém desde 2010, quando se mudou de Sabará para Belo Horizonte para cursar Educação Musical na UEMG. Atualmente, além da carreira solo, a artista participa, por exemplo, do coletivo Negras Autoras, formado por Manu Ranilha, Júlia Tizumba, Elisa de Sena e Vi Coelho. Também é uma das responsáveis pela coluna Lugar de Mulher, que era veiculada na Rádio Inconfidência e agora se prepara para se tornar uma websérie.
A experiência junto a estes coletivos fez com que Nath Rodrigues amadurecesse o pensamento sobre o que é ser uma mulher, negra em 2019. “Eu queria subverter um pouco esse lugar do que se espera da mulher negra hoje. Quero falar de outras coisas que ampliassem essa visão”, diz.
Preço – R$28,00
Faixas:
01 - Janaína - Nath Rodrigues
02 - Liquinha - Nath Rodrigues
03 - Tempo Breve - Nath Rodrigues
04 - Embolado, Engolido - Nath Rodrigues e Makena
05 - Cosme - Nath Rordigues e Laís Lacôrte
06 - Déjame - Nath Rodrigues e Renan Thai
07 - Minúcias - Nath Rodrigues
08 - Deságuo - Nath Rodrigues
09 - Menina dos Olhos - Nath Rodrigues
09 - Obirin - Guilherme Ventura e Nath Rodrigues
10 - Padê - Nath Rodrigues
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