Nascido em Diamantina (MG) e radicado por oito anos no Rio de Janeiro, Lacerda jamais perdeu seu DNA mineiro, bem como jamais deixou de externar sua vontade em expandi-lo e se tornar universal. O que seria para muitos uma ideia conflituosa, para ele foi um poderoso impulso que o permitiu se abrir a vários diálogos. Algo que pode ser comprovado nos projetos em que vem se envolvendo desde o lançamento de seu álbum de estreia, há dois anos. Nesse período, o músico trabalhou ao lado de nomes de diversas cenas e gerações: Lenine, Marcos Suzano, Emicida, Paulinho Moska, Fernando Temporão, Letícia Novaes (Letuce), Juçara Marçal, o poeta Eucanaã Ferraz, o ator Matheus Nachtergaele, entre outros. Também esteve presente nos EPs Instantâneos (2014, DOBRA) e Banquete (2014, Banda Desenhada Records); no tributo aos Novos Baianos, Tinindo e Trincando (2014, Jardim Elétrico); e na coletânea Mar Azul (2015, Slap – Som Livre), em homenagem ao Clube da Esquina.
Por conta de seu trabalho, o músico se apresentou em diversas casas de show do país, como os SESC’s Vila Mariana (SP), Palladium (BH) e Tijuca (RJ), Oi Futuro (RJ) e Teatro Paiol (PA), além de ter realizado turnês por vários países, como Uruguai, Cuba, Portugal, Holanda, Alemanha e Itália. Toda essa experiência, tanto musical quanto pessoal, foi muito importante para a gestação de Paralelos & Infinitos. Lançado em um momento de transição, quando Lacerda decide mudar-se para a cidade de São Paulo, o disco trata, exclusivamente, de um relacionamento amoroso.
“Love is so essential! Love is so celestial! Love is so special! Love is so delicious!
Love is…”
Abordando os aspectos mais resplandecentes dessa relação, o artista desfruta dessa felicidade (perene ou efêmera, não importa) revolvendo-a, criando uma paisagem que, ao invés de revelar fissuras, mostra seu núcleo duro, explendoroso e brilhante. Ainda que efusivo, Paralelos & Infinitos se apresenta como um trabalho íntimo, delicado e confessional. Seu título foi retirado do livro Amor em segunda mão (2006) da escritora portuguesa Patrícia Reis. A expressão é usada pela autora para designar a linha do horizonte, o encontro do mar com o céu, uma metáfora à relação a dois.
Na capa e contracapa do disco, Lacerda e sua namorada, a atriz Victoria Vasconcelos, aparecem em um ambiente ao mesmo tempo aquático e cósmico, remetendo a Joia (1975), de Caetano Veloso; e a Histoire de Melody Nelson (1971), de Serge Gainsbourg. Esse clima familiar e cúmplice se estende ao longo de todo o álbum. Nele, Lacerda gravou a maioria dos instrumentos e vozes, contanto com colaborações pontuais, dentre elas, a própria Victoria, Cícero, Mahmundi, Lucas Vasconcellos (Letuce) e Pedro Carneiro, este último, também produtor do disco.
Esteticamente, Lacerda promoveu em Paralelos & Infinitos uma fusão de influências que lhe são bastante caras: Milton Nascimento, Caetano Veloso, Grizzly Bear e, mais fortemente, DM Stith. Assim, é possível observar tanto um preciosismo notoriamente ligado ao som de Minas quanto a pesquisa timbrística e uma ambiência que remetem aos artistas contemporâneos da cena indie folk norte-americana.
Preço – R$25,00
Faixas:
01 – Algo a Dois – César Lacerda
02 – Touro Indomável – César Lacerda e Francisco Vervloet
03 – 21 – César Lacerda
04 – Olhos – César Lacerda e Luiz Rocha
05 – Guarajuba – César Lacerda
06 – Paralelos & Infinitos – César Lacerda
07 – Love Is – César Lacerda
08 – Quiseste Expor Teu Corpo a Nu – César Lacerda
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