Mais madura e segura tanto do seu canto quanto do caminho que deseja seguir, Aline deu ao disco o nome de uma canção composta por ela em parceria com Gabriel Moura. Tal canção abre o disco e retrata a mulher moderna que vai pro samba do jeito que quer sem qualquer preconceito ou pudor. Os primeiros versos já denotam claramente esta segurança: Eu vou pra batucada / Eu vou de coração / Eu vou de madrugada / Eu vou com você ou não.
Meu Ziriguidum tem onze faixas, produção assinada por Paulão 7 Cordas e Thiago Delegado e as participações de Zeca Pagodinho, Alindo Cruz e do rapper paulistano Emicida que faz um belo dueto com Aline na releitura do clássico imortalizado por Clara Nunes, Conto de Areia. Assim como a produção do álbum uniu duas gerações, o repertório também teve essa preocupação. Composições dos renomados Arlindo Cruz, Moacyr Luz e Serginho Beagá se misturam com as de jovens autores como Rogê, João Martins e Leandro Fregonesi.
É da dupla de veteranos Moacyr Luz e Délcio Luiz a segunda faixa do disco, No pé miudinho, que traz a participação de Zeca Pagodinho. Um samba que se ‘auto exalta’ através de um personagem tipicamente caracterizado. Na sequencia, um samba do jovem compositor Leandro Fregonesi chamado Entre você e euque retrata claramente o término de um romance motivado pelas graves diferenças entre o casal, logo, sem volta.
A quarta faixa do disco, Papo de Samba, composta pelo trio Carlos Caetano, Moisés Santiago e Flavinho Silva, foi gravada no início da década de 2000 pela turma do Fundo de Quintal e é um samba divertido cuja letra faz alusão a um personagem suburbano e suas peripécias cotidianas. Toda Noite é a composição mais cadenciada do álbum e conta com a participação de Arlindo Cruz. Com letra do próprio em parceria com Maurição, este samba fala daquele amor que apesar de não estar mais ao lado, não sai da mente. JáIbamolê, de Serginho Beagá, é um samba-ijexá repleto de ruídos rítmicos oriundos da religiosidade afro-brasileira e fala do encontro de um pescador com Oxum, a orixá que reina nas cachoeiras.
A sétima faixa do disco é uma ode à mulher brasileira. Com letra de Arlindo Cruz e Rogê, Musas, é um samba exaltação ao feminino. Em Pedreira, a resistência do amor é cantada através de versos fortes comoSe o meu amor tivesse um fim / Não era pra recomeçar / Nao era para implorar / Um calor de um beijo seu / Custe o que custar / Vai pagar pra ver.
A décima canção do álbum, Lenda das Matas, composta por João Martins e Raul Dicaprio, é um samba com referências da Umbanda e faz alusão a personagens do folclore brasileiro numa história rica e cheia de mistérios.
Encerrando o terceiro disco de Aline Calixto, em total clima de festa, o samba de Serginho Beagá, Eu sou assim. Os instrumentos que fizeram deste ritmo um dos mais festivos do planeta são exaltados nos versos desta canção. Meu Ziriguidum, como o próprio nome indica, tem samba na rima, no batuque e nos arranjos. O álbum não tem a intenção de ser um disco de samba tradicional, ao contrário, é um álbum de samba em perfeita simbiose com seus gêneros irmãos como pagode, ijexá e o rap. Meu Ziriguidum é atitude carregada de swing, sensualidade, malemolência e liberdade.
Preço – R$28,00
Faixas:
01 – Meu Ziriguidum – Aline Calixto e Gabriel Moura
02 – No Pé do Miudinho – Moacyr Luz e Délcio Luiz
03 – Entre Você e Eu – Leandro Fregonesecá
04 – Papo de Samba – Carlos Caetano, Moisés Santiago e Flávio da Silva Gonçalves
05 – Toda Noite – Arlindo Cruz e Maurição
06 – Ibamolê – Serginho Beagá
07 – Musas – Arlindo Cruz e Rogê
08 – Conto de Areia (Incidental: Rap de Areia) – Romildo Souza Bastos, Antônio Carlos de Nascimento e Emicida
09 – Pedreira – Fabinho do Terreiro e Ricardo Barrão
10 – Lenda das Matas – João Martins e Raul de Souza Vidigal
11 – Eu Sou Assim – Serginho Beagá
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