O currículo de Lílian Nunes não deixa dúvidas: a mineira cresceu em meio à música e, nela, se encontrou. Cantora, locutora e produtora, fez do palco a sua casa; do estúdio, o seu quintal; e de sua voz, sua vida. Agora, ela prepara as malas para voltar à estrada com um novo trabalho, “Lílian Nunes”, uma homenagem à bagagem musical que adquiriu e pela qual tomou gosto ao longo da carreira.
O álbum – o segundo de Lílian – é composto por obras de grandes nomes da música brasileira, como Cartola, Caetano Veloso, Gonzaguinha e Herbert Vianna. Algumas são mais conhecidas ao grande público, outras, nem tanto. Mas, em cada uma, a cantora deixou a sua marca, e não somente por meio de sua voz e interpretação, delicada na medida certa e firme quando precisa ser.
Ao lado do produtor e guitarrista Cláudio Moraleida, seu companheiro na banda Zeeper, Lílian reconstruiu com cuidado as dez faixas. O resultado são releituras atuais e de muito bom gosto, carregadas de um toque pessoal que dão aos arranjos um ar de material próprio.
Sustentado por arranjos leves e delicados, instrumentos acústicos, voz eficiente e em sintonia com cada canção, o novo trabalho de Lílian Nunes é um “disco pra arrumar a casa enquanto se escuta”, na definição de Moraleida.
Para começar, a bela e pouco conhecida “A Palavra Certa” (George Israel, Herbert Vianna e Paula Toller), sustentada por violões com afinação aberta e baixo pedal. Na sequência, a maior transgressão: transformar “Acontece” (Cartola) num tema pop, com pegada contemporânea. “Alguém Cantando” (Caetano) deixa o jeito quase ritualístico da versão do autor para ganhar substância, temperada pelo acordeom de Christiano Caldas.
“Quero” (Thomas Roth), um pop de tocar no rádio, soa jazzy e “Virgem” (Marina Lima, Antônio Cícero) ganha cordas que realçam sua beleza clássica. Já “Caminhos do Coração” (Gonzaguinha) lembra sol, vento e praia na nova versão, a la Beach Boys e Beatles. O toque Stoniano do arranjo de “Vale Quanto Pesa” (Luiz Melodia) afasta o DNA soul/latino das gravações conhecidas, temperada com uma vinheta Dixieland.
Clássico moderno, “Coração na Boca” (Zélia Duncan, Lucina) é um hit mais familiar. O contrário da pouco conhecida “Foi no Mês Que Vem”, obra prima de Vitor Ramil, tratada como o standard que deveria ser.
Para encerrar, “Lamento Sertanejo” (Gilberto Gil) perde o sotaque nordestino e vira um charmoso choro canção.
Preço – R$20,00
Faixas
01 – A Palavra Certa - George Israel, Herbert Vianna e Paula Toller
02 – Acontece - Cartola
03 – Alguém Cantando – Caetano Veloso
04 – Quero - Thomas Roth
05 – Virgem - Marina Lima e Antônio Cícero
06 – Caminhos do Coração - Gonzaguinha
07 – Vale Quanto Pesa - Luiz Melodia
08 – Coração na Boca - Zélia Duncan e Lucina
09 – Foi no Mês Que Vem - Vitor Ramil
10 – Lamento Sertanejo – Gilberto Gil e Dominguinhos
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