Não há dúvidas de que Roger Deff é uma das figuras mais importantes da cena do rap de Belo Horizonte. O MC divide com o irmão Ricardo HD os vocais do Julgamento, uma das primeiras bandas a misturar rock e rap em Minas Gerais. Após mais de uma década de carreira junto à banda, o cantor prepara-se, agora, para lançar seu primeiro disco solo. Intitulado “Etnografia Suburbana”, o álbum está sendo gravado no estúdio Giffoni e tem previsão de lançamento para maio.
Viabilizado por meio de uma campanha de financiamento coletivo que terminou na semana passada, o disco traz oito faixas inéditas, frutos da experiência do MC com diversos parceiros musicais. “Em 2014, o Julgamento entrou em um hiato e decidi que precisava continuar meus trabalhos.
Então, resolvi iniciar o trabalho solo. A ideia inicial era gravar um disco com o guitarrista Daniel Saavedra, mas aí uma galera veio somando”, relembra. “A banda que se formou tinha Gustavo Caetano na bateria, Daniel na guitarra, Flávio Machado como DJ e Celton Oliveira no baixo. Depois, vieram Ricardo Cunha (guitarra), Edgar Filho (bateria) e Michelle Oliveira (backing vocals)”, completa.
Deff conta que, a partir daí, o grupo foi criando músicas de uma forma muito orgânica. “Eu levava as letras e a galera desenvolvia as músicas em cima do meu. Passado um tempo, vi que já tinha um material legal e decidi registrar esse processo em um disco físico. Então, veio a ideia de ‘Etnografia Suburbana’”.
Para o MC, o nome do álbum traz dois sentidos que guardam relação direta com sua caminhada. “Se a gente fosse fazer um estudo etnográfico da população negra, ele seria essencialmente suburbano e periférico, porque a população negra está nesse lugar simbólico e geográfico. Além disso, é também um estudo meu, sonoro, sobre esses grupos periféricos que compõem a população negra. Uma etnografia suburbana a partir do som”, explica. “E um estudo feito por um sujeito periférico e urbano, um MC, sem a menor pretensão acadêmica”, completa.
Por esse recorte, Deff conta que o álbum passeia por estilos musicais de origem negra e periférica, tais como maracatu, samba, reggae, ska, funk e soul. O rap, matriz do trabalho com o Julgamento – cujo trabalho mais recente, “Boa Noite”, foi lançado em 2018 – serve como “ferramenta para a narrativa central”.
O MC conta ainda que o disco tem participações de nomes como Douglas Din e Richard Neves, e celebra o sucesso do crowdfunding. “O resultado foi satisfatório e o processo todo bem interessante. Afinal, o Julgamento tem público formado, mas eu não. Então, a campanha foi importante para envolver e me aproximar das pessoas”, finaliza.
Por Lucas Buzatti
Preço – R$25,00
Faixas:
01 - Etnografia Suburbana – Roger Deff e Celton Oliveira
02 – O Mesmo Processo - Roger Deff
03 – Corpo Estendido - Roger Deff e Douglas Din
04 – O Aspecto - Roger Deff
05 – Vida que Vem - Roger Deff e Celton Oliveira
06 – Bem pra Quem? - Roger Deff e Ricardo HD
07 – Ladeira - Roger Deff e Flávio Renegado
08 – Eu vi Zumbi nem Florescer - Roger Deff e Michelle Oliveira
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